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agosto 3, 2022A apneia obstrutiva do sono ( AOS ) é um distúrbio que afeta 33% da população de São Paulo de acordo com um grande estudo brasileiro, o EPISONO, que avaliou mais 1.000 habitantes da cidade de São Paulo. Os tratamentos mais comuns recomendados para esta condição, que pode variar de leve a grave, são o aparelho intra-oral de avanço mandibular e o aparelho de CPAP, sendo este ultimo o padrão ouro. O CPAP pode ser volumoso em viagens e desconfortável de usar, por isso alguns pacientes não o mantém. No entanto, em casos graves, ele pode ser a única opção terapêutica.
Vamos discutir alguns tratamentos alternativos ao CPAP, mas antes é importante saber mais sobre a condição em si.
Sintomas e causas da apneia obstrutiva do sono
A AOS é definida por pausas repetidas na respiração enquanto a pessoa dorme pois há obstrução da passagem de ar na região atrás da língua e os fatores de risco mais comuns são a obesidade e o sexo masculino. Entretanto, algumas alterações anatômicas da face ou garganta e hipotireoidismo também podem aumentar a chance de se ter a doença.
Na tabela 1, podemos observar características comuns entre as pessoas que têm AOS.
Tabela 1: Quando Suspeitar de Apneia Obstrutiva do sono:
Presença de ronco alto
Sonolência diurna
Queixo pequeno ou retrognata (queixo para trás)
Sono não reparador apesar da quantidade adequada de horas de sono
Aumento na vontade de urinar durante o sono
Engasgos ou sufocamento durante a noite
Boa seca pela manhã
Dores de cabeça matinais
Obesidade
Aumento do tamanho do pescoço ( > 43 cm para homens e 38 cm para mulheres )
Presença de doenças: Hipotireoidismo, Pressão alta, Acidente vascular cerebral prévio
Arritmia, insuficiência cardíaca
Uso de remédios que relaxam os músculos: relaxantes musculares e benzodiazepínicos
Uso de bebidas alcoólicas
Além de causar sonolência diurna, a AOS está ligada a uma série de consequências à saúde. Há uma lentificação de pensamento e motora equivalente a 5 anos de envelhecimento, aumento de 3x no risco de acidentes automobilísticos, aumento no risco de pressão alta, doença coronariana, AVC, arritmias cardíacas, diabetes tipo 2, alteração do colesterol e morte súbita.
Diagnóstico
É realizado através do exame de polissonografia, que pode ser realizada em laboratórios e clínicas específicos ou em hospitais ou ainda domiciliar. Nem todo mundo tem indicação de realizar o exame em casa pois esta possui algumas limitações e pode vir normal em casos mais leves e deve ser evitado em cardiopatas ou pessoas com doença pulmonar mais grave.
Tratamento
Obter tratamento o mais rápido possível pode ajudar a prevenir complicações como essas.
A apneia do sono leve pode responder a mudanças no estilo de vida, como:
- Perda de peso. Estar acima do peso é um dos maiores riscos para a apneia do sono. Perder apenas 10% do peso corporal pode reduzir o número de episódios de apneia e perder 10 kg pode resolver a AOS em 50% dos pacientes. Uma maneira pela qual os resultados da perda de peso podem ajudar as pessoas a respirar mais facilmente à noite é diminuindo a gordura da língua, descobriram os pesquisadores.
- Fazer atividade física: podem reduzir os eventos de AOS mesmo que não haja perda de peso por ser anti-inflamatória.
- Parar de fumar. A fumaça do tabaco pode causar inchaço nas vias aéreas, piorando a apneia do sono.
- Não beber álcool. Beber antes de dormir pode fazer com que os músculos das vias aéreas superiores relaxem, fazendo com que o tecido caia nas vias aéreas.
- Dormir de lado. Dormir de costas pode piorar o ronco e a apneia do sono. Usar uma almofada ou travesseiro em forma de cunha pode ajudar a mantê-lo de lado.
A apneia do sono mais grave pode exigir uma visita a um otorrinolaringologista do sono para avaliação e tratamento. Não se preocupe, se for o seu caso, iremos avaliar e encaminhá-lo.
Tratamento com o CPAP
Abreviação de pressão positiva contínua nas vias aéreas, o CPAP é o melhor tratamento AOS, especialmente nos casos moderados a grave.
Consiste em uma máquina que sopra o ar nas vias aéreas, através de uma máscara acoplada ao nariz, para mantê-las abertas gerando pressão, que é individualizada.
O CPAP é um tratamento altamente eficaz, mas com moderada taxa de adesão, pois pode haver algum desconforto no seu uso, especialmente no início do tratamento. Quando há apneia do sono grave, o uso do CPAP traz tantos benefícios que o paciente apresenta aderência muito maior.
7 opções além do CPAP a serem consideradas
Se você já implementou as medidas de estilo de vida, está considerando do CPAP ou não conseguiu usá-lo, saiba que há outras opções de trataemente, procure um especialista o sono para que ele te explique e avalie qual a melhor indicação para você:
- Os aparelhos intra-orais de avanço mandibular são feitos sob medida pelo seu dentista do sono (precisa ser especialista na área) e são projetados para empurrar o maxilar inferior e a língua para frente ou manter a língua no lugar para manter as vias aéreas abertas enquanto você dorme. Esta opção é frequentemente preferida por aqueles que se qualificam porque é mais conveniente e menos dispendiosa.
- A uvulopalatofaringoplastia remove o tecido da parte superior da boca e da parte de trás da garganta. Às vezes, os médicos removem grandes amígdalas e adenóides, para criar mais espaço para o fluxo de ar. Alguns pacientes, no entanto, ainda podem precisar de tratamento com CPAP após o procedimento.
- A cirurgia nasal pode ser realizada para corrigir um desvio de septo nasal – uma parede mal alinhada entre as passagens nasais que torna a abertura de uma passagem de ar menor que a outra. Este procedimento não trata AOS, mas ajuda na respiração geral e pode facilitar o uso do CPAP.
- A sonoplastia usa energia de radiofrequência para aparar o excesso de tecido nas vias aéreas superiores. Mas os efeitos são modestos.
- Estimulação do nervo hipoglosso. O nervo hipoglosso controla o movimento da língua. Este dispositivo relativamente novo, colocado sob a pele do tórax, monitora a respiração e estimula esse nervo sempre que a respiração para, para afastar a língua da abertura das vias aéreas. O procedimento é caro e pode não ser coberto pelo seguro. Um estudo recente mostrou efetividade na redução de eventos após 5 anos em 75% dos pacientes.
- Avanço mandibular ou maxilar. Em casos de apneia do sono grave e alterações craniofaciais características, este procedimento pode mover os ossos da mandíbula para frente permanentemente para ajudar a manter as vias aéreas abertas.
REFERÊNCIAS
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